Extraído do livro - EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS - Por André Luiz - Psicogrado por Chico Xavier e Waldo Vieira em 1958.
Simbiose das mentes
Semelhantes processos de associação aparecem largamente
empregados pela mente desencarnada, ainda tateante, na existência além-túmulo.
Amedrontada perante o desconhecido, que não consegue arrostar
de pronto, vale-se da receptividade dos que lhe choram a
perda e demora-se colada aos que mais ama.
E qual cogumelo que projeta para dentro dos tecidos da alga
dominadores apêndices, com os quais lhe suga grande parte dos
elementos orgânicos por ela própria assimilados, o Espírito desenfaixado da veste física lança habitualmente, para a intimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radículas alongadas ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade, elaborada por eles nos processos da biossíntese, sustentando-se, por vezes, largo tempo, nessa permuta viva de forças.
Qual se verifica entre a alga e o cogumelo, a mente encarnada
entrega-se, inconscientemente, ao desencarnado que lhe controla a existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio até certo
ponto, mas, em troca, à face da sensibilidade excessiva de que se
reveste, passa a viver, enquanto perdure semelhante influência,
necessariamente protegida contra o assalto de forças ocultas ainda mais deprimentes. Por esse motivo, ainda agora, em plena atualidade, encontramos os problemas da mediunidade evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo, inteligências nobres intimamente aprisionadas a cultos estranhos, em matéria de fé, as quais padecem a intromissão de idéias de terror, ante a perspectiva de se afastarem das entidades familiares que lhes dominam a mente através de palavras ou símbolos mágicos, com vistas a falaciosas vantagens materiais. Essas inteligências fogem deliberadamente ao estudo que as libertaria do cativeiro interior, quando não se mostram apáticas, em perigosos processos de fanatismo, inofensivas e humildes, mas arredadas do progresso que lhes garantiria a renovação.
Histeria e psiconeurose
Entretanto, as simbioses dessa espécie, em que tantas existências
respiram em reciprocidade de furto psíquico, não se limitam
aos fenômenos desse teor, nos quais Espíritos desencarnados,
estanques em determinadas concepções religiosas, anestesiam ou
infantilizam temporariamente consciências menos aptas ao autocontrole, porquanto se expressam igualmente nas moléstias nervosas complexas, como a histero-epilepsia, em que o paciente sofre o espasmo tônico em opistótono, acompanhado de convulsões clônicas de feição múltipla, às vezes sem qualquer perda de consciência equivalendo a transe mediúnico autêntico, no qual a personalidade invisível se aproveita dos estados emotivos mais intensos para acentuar a própria influenciação.
E, na mesma trilha de ajustamento simbiótico, somos defrontados
na Terra, aqui e ali, pela presença de psiconeuróticos da
mais extensa classificação, com diagnose extremamente difícil,
entregues aos mais obscuros quadros mentais, sem se arrojarem à loucura completa.
Tais entidades imanizadas ao painel fisiológico e agregadas a
ele sem o corpo de matéria mais densa, vivem assim, quase sempre por tempo longo, entrosadas psiquicamente aos seus hospedadores, porquanto o espírito humano desencarnado, erguido a novo estado de consciência, começa a elaborar recursos magnéticos diferenciados, condizentes com os impositivos da própria sustentação, tanto quanto, no corpo terrestre, aprendeu a criar, por automatismo,as enzimas e os hormônios que lhe asseguravam o equilíbrio biológico, e, impressionando o paciente que explora, muita vez com a melhor intenção, subjuga-lhe o campo mental, impondo-lhe ao centro coronário a substância dos próprios pensamentos, que a vítima passa a acolher qual se fossem os seus próprios. Assim, em perfeita simbiose, refletem-se mutuamente, estacionários ambos no tempo, até que as leis da vida lhes reclamem, pela dificuldade ou pela dor, a alteração imprescindível.